A velha, furiosa, desconfiou do macaco e arranjou um meio de pegar o freguês que levava sem pagar.
Então, fez um boneco de cera, que até parecia gente, colocou-o num tabuleiro cheio de bananas maduras e se escondeu, esperando.
Chegou o macaco todo fagueiro e, vendo o boneco, pediu:
- Me de bananas, moleque. Mas o moleque não respondeu.
E o macaco insistiu:
- Se não me der uma banana, lhe dou um tapa. O boneco continuou calado.
O macaco deu o tapa, ficou com a mão presa no boneco de cera e começou a reclamar:
- Moleque solte minha mão, se não lhe dou outro tapa.
Com as mãos presas, o macaco esperneava:
- Moleque solte minhas mãos, senão lhe dou um pontapé.
O boneco continuou calado
- Ah! Não vai soltar não, é? – gritou o macaco. – Então tome outro pontapé. E assim o macaco ficou preso no boneco de cera. A velha veio de lá e disse: - Então era você quem comia minhas bananas, hein? Agora, você vai virar macaco amassado.
O macaco, assustado, pediu:
- Não me amasse, não porque dói, dói, dói. - Não me amasse, não porque dói, dói, dói...
- Tou preso, Iaiá, tou preso, tou preso numa cadeira. Me solte, Iaiá, me solte...me prenda na bananeira!
Dizem que o macaco escapuliu pro mato porque a cera escorregava nas mãos da velha...
Outros contam que a velha fez guisado de macaco... O certo é que até hoje macaco gosta de banana e quando se lembra de cera faz cada careta! E sai por aí, a pular e cantar:
- Qui, qui, qui, qui
- Qui, qui, qui, qui
A velha prendeu o macaco e o macaco escapuliu.
Betty Coelho Silva. Foi um dia. Um dia foi: histórias populares do jeito que eu conto.
Aparecida do Norte/SP, Santuário, 1992, PP.19,20 e 21.